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Ford Fiesta - 1995-2002


Texto: Alexandre Ramos
Fotos: Divulgação

(16-11-2005) - O Fiesta chegou por aqui em 1994, como modelo 1995, importado da Espanha. Era equipado com motor de 1,3 litro e potência de 60 cv, contando com carroceria de duas ou quatro portas. Uma curiosidade é que aquela versão apresentava muitos elementos estéticos da linha Ford da década de 80, fazendo-o lembrar – em certos aspectos – modelos nacionais antigos, como o próprio Corcel II. Basta ver que os pára-choques, por exemplo, eram no formato de uma lâmina de plástico, deixando as partes inferiores dianteira em chapa de aço aparentes.

Mas em 1996 a Ford lança por aqui o novo Fiesta, com pouco tempo de atraso em relação ao lançamento daquele modelo no mercado europeu. Apenas 2% das peças (exatas 48) eram iguais às do modelo importado – as demais eram todas nacionais. A carroceria em si é muito parecida com a anterior, mas com cantos arredondados e sem os destacados vincos laterais do Fiesta espanhol. Mas eram linhas controversas e houve quem apelidasse o carro de “bebê chorão”, por causa do desenho dos faróis e grade. De qualquer forma o Fiesta surgiu nas versões equipadas com motores Endura de 1 litro e 51 cv e CLX de 1,3 litro e 60 cv, além da top de linha CLX 1.4 16V, equipada com motor Zetec SE de 88,8 cv e bloco de alumínio. Havia opção de carroceria de duas ou quatro portas, como o anterior.

Por dentro o Fiesta apresentava forrações e painel novos, com o lado do passageiro apresentando um grande recuo para que o espaço ali fosse maior. Os bancos curtos também eram voltados para a mesma finalidade, mas para as pessoas de maior estatura se revelavam um tanto desconfortáveis. Um dos destaques desse modelo estava na boa dirigibilidade, graças ao emprego de suportes do motor em forma de V, com coxins hidráulicos.

Em 1998 é lançada a série especial Class, que vinha com pára-choques pintados na cor da carroceria, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, além de forração diferenciada. De série especial a Class acabou se tornando uma versão do Fiesta.

Em 2.000 o Fiesta passa pela primeira reformulação desde seu lançamento no Brasil. Com isso ganhou nova frente, pára-choques e lanternas traseiras. A motorização passa a ser a Zetec Rocam, tanto na versão de 1 litro como na mais potente, que agora era de 1,6 litro e ficava no lugar das antigas CLX 1.3 e 1.4 16V. A denominação das versões também mudou: o básico era o GL, seguido pelo GL Class e GLX, este sempre com o motor 1,6.

O Zetec Rocam era um motor moderno que trazia várias novidades, como o comando com eixo oco, balanceiros roletados, bomba d`água integrada ao bloco, entre outros atributos. Mas pensando justamente na boa dirigibilidade do modelo, empregou a solução de duas válvulas por cilindro, conferindo um bom torque a partir de baixas rotações. Os 14,3 kgfm da versão 1.6 estão disponíveis a apenas 2.500 rpm – sendo que grande parte disso já está disponível em faixas inferiores de rotação, colaborando para a agilidade do carro. No caso do 1-litro são 8,9 kgfm a 3.250 rpm.

Em 2000 é criada também a série especial Sport, com motor 1-litro e 1,6-litro, com quatro portas e na cor vermelha. Trazia pára-choques pintados na cor do veículo, rodas esportivas e outros itens de apelo esportivo. No final de 2001 a Ford inexplicavelmente lança o Fiesta Sedan – importado do México. À época o lançamento causou estranheza pois o novo Fiesta chegaria logo depois, em maio de 2002 – tornando o Fiesta Sedan defasado visualmente (e consequentemente menos valorizado no mercado) em poucos meses. A versão sedã do Novo Fiesta chegaria bem mais tarde, em 2004, já com o motor flexível em combustível.

Em 2002 surge a segunda série especial do Fiesta, o Action, limitada a 750 unidades e que era oferecida apenas com motor de 1 litro, quatro portas e na cor prata Geada. A carroceria antiga ainda segue em linha até hoje, na versão Street, com quatro portas e motor 1-litro.


Cuidados na compra

Uma característica que deve ser levada em conta na hora de comprar um Fiesta usado é que seu motor Zetec SE ou Rocam não admite retífica. Se as paredes dos cilindros são riscadas ou danificadas por qualquer razão, é necessário trocar o bloco. O mesmo vale quando o motor atinge altas quilometragens (a Ford fala em 240 mil km para os Rocam) e chega ao fim de sua vida útil. E mais uma dica: o Zetec é muito sensível e pouco tolerante à gasolina adulterada. A qualquer sinal de solvente, ou outros componentes duvidosos presentes no combustível, o motor “reclama” por meio de falhas e instabilidade na marcha-lenta.

Na hora de compra um Fiesta usado, é muito comum que sejam encontrados veículos com ruídos na caixa de direção, um problema que muitos proprietários encontraram quando o veículo ainda era novo. Havia necessidade de troca da caixa, mas as concessionárias regulavam a folga do componente, o que deixava a direção dura demais. Olho vivo!

Além disso, é preciso atenção no sistema de embreagem (cilindro da assistência hidráulica), cujo sintoma está no pedal mais duro que o normal. A válvula do ar quente, além da placa eletrônica de controle do aquecedor, também merece cuidados. O defeito é facilmente perceptível: o ar quente não funciona.

Ruídos na dianteira, principalmente ao passar em buracos, podem ser fruto de buchas da barra estabilizadora ou de bandeja estouradas – além da já citada caixa de direção –, ou ainda problemas de vazamento nos coxins hidráulicos.

O marcador de combustível pode apresentar problemas e marcar a quantidade com imprecisão, mas esse é um problema mais complicado de conferir, a não ser usando o veículo. Mais fácil é constatar problemas no regulador da marcha-lenta, ocorrência também encontrada em algumas unidades do Fiesta: na primeira partida do dia o motor não pára ligado se o motorista não pisar no acelerador.

De resto o Fiesta é uma excelente opção no mercado de usados. Está certo que é apertado por dentro, a manutenção preventiva deve ser cuidadosa e os ruídos internos se manifestam quanto pior for o piso. Mas o carro tem um bom acabamento, é econômico e as versões equipadas com o motor Zetec andam muito bem. Boa sorte!